segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

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Apenas um ovo

Ele não é uma ave nem mesmo comida:
Apenas um ovo que não fora “chocado”;
Talvez seja só um “meio termo”.

Se está silencioso, ele pede uma música;
Se tocam a música, não sabe dançar.
Se começa a dançar, tem medo e para;
E vai pro silêncio, pois lá se protege.

E para proteção, ele cria um muro,
Coloca uma cerca e até cacos de vidro.
Na porta um cadeado e um alarme.
Assim, seguro ele fica do perigo de fora.

Protegido ele fica, mas também isolado;
Da realidade, cada vez mais distante,
E a segurança se torna em medo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

De ninguém... E de todos

Eu sou livre, ninguém manda em mim.
Faço o que quero, sigo sem impedimento algum.

Não busco agradar aos outros,
Nem espero aprovação para fazer algo.

O corpo é meu, faço o que der na cabeça!
Piercing, tatuagem, suplemento alimentar;
Ioga, pieling, botox, abdominais;
Pilates, SPA e depilação a laser.

A virgindade é minha, dou pra quem eu quiser!
Eu sou de ninguém, ou mesmo de todo mundo.
Mas pensando bem, eu posso até lucrar
Com aquilo que é tido como sagrado e profano.

A inocência é minha, mas acabei de perdê-la.
Não foi do jeito que quis, até porque não importa
Se para o empresário ou político o “investimento”
De 10 reais possa valer a pena.

A “espirituosidade” é minha, eu fiz por merecê-la:
Orei, jejuei, rezei e paguei dízimos e promessas.
Agora, eu busco uma música, um livro e uma palavra
Que me façam sentir-se bem e gerarem um milagre.

Precisamos fazer alguma coisa; vamos nos reunir,
Fazer uma passeata, movimentar uma greve,
Reivindicar os direitos do nosso grupo
E conseguir melhorias para poder melhorar.

Eles só pensam em si mesmos
O que buscam é só para satisfazê-los.
Safados, ordinários, voltem a trabalhar!
Parem a greve, pois eu não posso pagar por um problema seu!

Os governos não pensam nem incentivam a educação,
Só investem na economia e na indústria.
E esquecem que a educação é a base para a sociedade,
E que estudando, as pessoas podem melhorar.

Eu vou em busca do meu sonho.
Estudar, entrar na faculdade e depois, um emprego
Que me dê estabilidade financeira e tranquilidade.
Até porque, depois de anos de estudos, eu mereço uma recompensa!

Eu sou livre, faço o que quero.
E só espero que percebam e aceitem isso.
Caso contrário, preciso fazer alguma coisa...

A surrealidade do banal

A barriga cresce bem rapidamente.
E quanto mais cresce maior é o dilema.
Mudanças acontecem, seu corpo se transforma
Não tão quanto seus planos e sonhos.

Os planos cedem lugar à indecisão:
Agora o futuro não é tão “charmoso”;
Na verdade, ele já começou
E exige respostas e atitudes imediatas.

Sonhar sempre lhe fora inerente,
Fazia parte de sua realidade.
Mas hoje, tudo é diferente,
Pois outra pessoa mudara essa fantasia.

O fantástico era mais que adjetivo:
Intrínseco, gerava alegria e espontaneidade.
A surrealidade agora dá lugar
À improvisação e à banalidade.

Banal, nem sabe o que significa!
Mas coisa boa imagina não ser.
Até porque sua imaginação
Perdera espaço em meio ao real.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Morto, ou artificialmente vivo?



O que mais podemos fazer
Se quando os olhos ofuscados estão,
Se até o palpável se torna distante
Daquilo que um dia constante tocava?

A visão se ofusca, o tato insensível fica
Não há mais o cheiro nem mesmo o ouvir;
O corpo estremece, a alma se esvai.
A dor só não é maior que a lembrança.

Memórias são quase tudo que lhe resta
Às vezes nem isso conseguem ser,
Pois relembrar dos belos momentos
Pode até ser uma centelha de tristeza.

Tristeza em saber que tudo aquilo,
Hoje, apenas são lembranças estáticas.
Lembranças dos tempos de alegrias e prazeres
Agora banais, em face à morbidez.

O tempo que outrora passava tão rápido
(Horas eram como segundos, minutos como milésimos),
Demora outro tempo para se passar,
Pois a perfeição é dependente da pressa.

E a pressa, sempre proporciona pressão.
Agora inerte, tudo isso é distante:
Não há mais pressão, exigências ou instantaneidade;
Apenas gotas caindo, em intervalos eternos.

O eterno e o mortal, separados por gotinhas.
Gotas que sustentam a vida
E mantêm a mortalidade ativa,
Gerando um embate entre a esperança e o sofrer.

Sofrer que pode “acabar acabando”,
Tornando a esperança bem real,
E mostra que a eternidade não é tão distante,
Mas basta que cesse o contínuo gotejar.

Artificialmente vivo. Deitado numa cama.
Querendo a vida, mas vivendo pouco.
O intervalo que passa é apenas para ganhar tempo.

Estatísticas médicas para sobreviver.
Mas não é apenas isso que me importa.
Como sobreviver e não poder usar a vida?

Então, o tempo que me resta
Quero usá-lo aproveitando e vivendo
Com quem eu amo e por quem sou amado.
Deitado em uma cama? Sim, em casa.