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Educação,Política
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Um país sem miséria - e sem educação
Ao chegar ao local, eles recebem outro presente: o dono da festa lhes promete liberar crédito para montar uma livraria e uma escola de inglês no bairro onde moram. Alegre e perplexo novamente, o casal aceita, mas fica com uma dúvida: como irá fazer isso, se não sabem ler nem português, quanto mais “estrangeiro”? E pior: não existe nenhuma escola no seu bairro, e toda a população também não sabe ler!
Assim ocorre no Brasil: os governos até “fingem” que oferecem as oportunidades de a população saber seus direitos e deveres, bem como o Estado e a União têm trabalhado – tudo está disponível na internet, mas poucos têm o acesso a esta.
O lançamento do plano “Brasil sem miséria”, do Governo Federal, foi esplêndido, repleto de militantes, empresários e políticos. A presidente Dilma não falou tão bem quanto o companheiro Lula (e isto nós já estamos acostumados a saber!), mas recebeu total apoio do público.
Ao ler o Plano, disponível no site da Presidência, observei algumas coisas:
• O leiaute é muito agradável e inteligente
• O plano é bem explicativo e objetivo
• 59% dos pobres estão no Nordeste – região mais explorada durante anos, tanto pela Coroa Portuguesa, quanto pelos empresários e indústrias do eixo Sul-Sudeste
• 71% dos pobres são compostos por negros – raça mais explorada desde a colonização
• 51% têm até 19 anos de idade - E desses 51%, 40% tem até 14 anos de idade
• 26% são analfabetos (15 anos ou mais)
Não pude deixar de perceber e esclarecer que:
• O objetivo principal é promover a inclusão social e produtiva da população extremamente pobre
• Além de elevar a renda familiar per capita
• E ampliar o acesso aos serviços públicos, às ações de cidadania e de bem estar social
Mas como o Governo Federal vai fazer isso?
• Com empreendimentos do PAC
• Usinas de etanol e biodiesel
• Minha casa, minha vida
• Bolsa família
• Qualificação profissional
Em momento algum, o Plano cita a educação como meio para acabar com a miséria, afirmando que um “país rico é país sem pobreza”, como diz o slogan do Governo Federal. Fica evidente que a educação não é prioridade para o país.
Esquece-se que o desenvolvimento industrial, crescimento econômico e renda per capita alta não indicam igualdade social; basta olhar para os Estados Unidos e Europa. Pior ainda: o Governo faz o povo pensar que os programas de assistência (Bolsa Família, Luz para todos, Água para todos, etc.) e emprego – na figura apoteótica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – são suficientes para acabar com a pobreza, elevar o nível de vida das pessoas, tornando-as mais felizes, e tornar o Brasil um país de primeiro mundo.
Isso pode até acontecer, não vou mentir. No entanto, acredito que dessa forma o Brasil tem a mesma chance de se tornar igual ou pior que os Estados Unidos: um país rico (muito rico!), desenvolvido, mas com individualismo exacerbado; preconceitos raciais, religiosos e entre as mesmas raças e religiões; e medo, desconfiança, de outros países e de si mesmo.
Para os políticos brasileiros, a educação não é prioridade, embora a Constituição diga o contrário. Até porque, se tirarem o conhecimento, fica mais fácil a dominação, e o povo se perde por falta de conhecimento.